O Atirador

Violência e desumanização em "O Atirador" de Lenine

"O Atirador", de Lenine, aborda a frieza e a impessoalidade de quem executa vinganças por encomenda. A letra destaca como o atirador se distancia emocionalmente do ato violento, tratando o assassinato como uma tarefa mecânica. Isso fica claro na repetição dos versos “Atire a primeira / Atire a segunda, iaiá / Até descarregar o tambor”, que reforçam a ideia de um trabalho automático, sem hesitação ou culpa. Expressões como “até apagar a luz de ioiô” indicam o fim definitivo da vítima, enquanto “até nunca mais, já vingou” mostra que o objetivo da vingança foi cumprido, sem possibilidade de retorno.

O contexto regional aparece na expressão “alma sebosa”, típica do Nordeste, usada para se referir a pessoas de má índole ou criminosos. Ao dizer “Alma sebosa é mais barato”, a música sugere que contratar alguém sem escrúpulos para cometer crimes é fácil e acessível, evidenciando a banalização da violência. Metáforas como “andar num chão de navalha” e “tem que ter veneno na veia” reforçam o perigo constante e a necessidade de sangue frio nesse ambiente. O tom direto e sombrio da canção, junto com imagens objetivas, faz de "O Atirador" um retrato crítico da desumanização e da rotina brutal de quem vive à margem da lei.