A Pobreza

Preconceito social e amor impossível em “A Pobreza”

A música “A Pobreza”, de Leno, aborda de forma clara como o preconceito de classe pode impedir a realização de um amor verdadeiro. A letra traz uma crítica social direta ao mostrar que, para muitos, a condição financeira define o valor de uma pessoa. Isso fica evidente no trecho: “pensam que a pobreza é lixo / e que rapaz pobre não tem coração”, onde a canção denuncia tanto a rejeição dos pais da garota quanto um estigma social mais amplo, em que a pobreza é vista como sinônimo de falta de sentimentos ou dignidade.

O tom da música é emotivo e resignado, reforçado pelo próprio Leno ao descrever a canção como um “lamento blues”. A repetição de versos como “eu tenho uma paixão que é proibida / só porque sou pobre demais” destaca o sentimento de injustiça e impotência diante das regras sociais. O contraste entre a vida confortável da garota — “nunca soube o que é tristeza / vive na riqueza sem poder viver” — e a do narrador mostra que a riqueza material não garante felicidade, enquanto a pobreza é tratada como um obstáculo imposto ao amor. Assim, “A Pobreza” vai além de um romance frustrado, tornando-se um retrato sensível das desigualdades e do preconceito presentes na sociedade brasileira dos anos 1960, tema recorrente nas composições de Renato Barros e na vertente social da Jovem Guarda.