I Can't Forget

A Luta Contra o Esquecimento em 'I Can't Forget' de Leonard Cohen

A música 'I Can't Forget' de Leonard Cohen é uma reflexão profunda sobre memória, identidade e a passagem do tempo. A letra começa com o narrador saindo da cama e se preparando para enfrentar o dia, um processo que ele descreve como uma 'luta'. A menção ao cigarro e ao 'apertar do estômago' sugere uma preparação para algo difícil ou doloroso. A frase 'deve ser meu duplo' indica uma dissociação, como se ele não se reconhecesse mais, o que pode ser uma metáfora para a perda de identidade ou a sensação de alienação.

À medida que a música avança, o narrador fala sobre uma viagem para Phoenix, onde ele tem o endereço de alguém que conhecia. A descrição de tempos passados como 'altos, finos e livres' sugere uma nostalgia por momentos mais felizes e despreocupados. No entanto, ele admite que não consegue se lembrar de quem era essa pessoa, o que reforça o tema da memória falha. A promessa de que 'eles nunca nos pegarão' e a menção de um 'rig que funciona com memórias' pode ser interpretada como uma tentativa de escapar do presente doloroso através das lembranças, mesmo que essas lembranças sejam fragmentadas e incompletas.

No final da música, Cohen aborda o amor e a passagem das estações como metáforas para a vida e a morte. Ele declara que amou alguém por toda a vida e quer terminar dessa maneira, sugerindo um desejo de continuidade e permanência em um mundo onde tudo é transitório. A referência ao verão que está quase acabando e ao inverno que está chegando simboliza a inevitabilidade do tempo e da mudança. No entanto, ele também afirma que 'muito continua para sempre', indicando que, apesar das mudanças e das perdas, algumas coisas permanecem eternas. A repetição de 'não consigo esquecer, mas não me lembro do quê' encapsula a luta contínua entre lembrar e esquecer, um tema central na obra de Cohen.