Feito Tatuagem

Ciclos do desejo e amor em “Feito Tatuagem”, de Leonardo

Em “Feito Tatuagem”, Leonardo transforma a saudade em algo gravado na pele. A imagem do mar “beijando a areia” sugere um ciclo que se repete: o desejo vai e volta. Nos versos “Eu tentei te esquecer, mas não consigo / Mesmo quando outra pessoa está comigo”, o narrador admite que a lembrança invade novos relacionamentos. Quando afirma “Não tem jeito, não é uma ilusão” e “Por mais que eu diga não / Esse sentimento não vai mais ter fim”, ele reconhece que a paixão persiste apesar das tentativas de negar. Não há fantasia: há um apego que se impõe ao cotidiano.

A metáfora que amarra tudo é direta: “Tá no peito a marca da paixão / Não sai do coração / Feito tatuagem”. É a ideia de marca indelével que mistura saudade e desejo, reforçada por confissões como “Fico louco pra beijar seu corpo”. Composta por Antonio Carlos de Carvalho (Carva) e Elias Muniz Sobrinho (Elias Muniz) e lançada por Leonardo em 2002 no álbum “Te Amo Demais”, a faixa ganhou força justamente por essa imagem simples e memorável. No mesmo ano, Gian & Giovani também gravaram a canção (“Tatuagem”), sinal de como o tema ressoava no sertanejo daquele momento. O título dialoga ainda com a tradição da palavra “tatuagem” na MPB, como em Chico Buarque e Ruy Guerra (1973): obras distintas, mas unidas pela noção de marcas permanentes deixadas por experiências intensas.