Geni e o Zepelim

Hipocrisia social e exclusão em “Geni e o Zepelim”

“Geni e o Zepelim”, composta por Chico Buarque e interpretada por Letícia Sabatella, destaca a hipocrisia e a crueldade da sociedade diante de quem foge das normas. A música narra a história de Geni, uma prostituta constantemente marginalizada e alvo de violência, apesar de sua generosidade. O refrão “Joga pedra na Geni / Joga bosta na Geni” expõe como a coletividade só reconhece o valor de Geni quando ela se torna útil para salvar a cidade, mas rapidamente volta a rejeitá-la após cumprir esse papel. Esse trecho se tornou um símbolo da hipocrisia social, mostrando como a aceitação é condicionada ao interesse próprio e momentâneo.

A letra detalha como Geni acolhe “errantes”, “detentos”, “loucas” e “lazarentos”, demonstrando empatia por todos os marginalizados. No entanto, a sociedade só recorre a ela quando o comandante do zepelim ameaça destruir a cidade, exigindo que Geni o atenda. O verso “Você pode nos salvar / Você vai nos redimir / Você dá pra qualquer um / Bendita Geni” revela o oportunismo dos poderosos, que manipulam e exploram Geni conforme suas necessidades. Após ser usada, ela volta a ser desprezada, evidenciando a lógica do bode expiatório: o indivíduo é sacrificado para manter a ordem social. Assim, a música questiona a legitimidade dos valores morais impostos coletivamente e denuncia a exclusão dos que não se encaixam nos padrões sociais.