Ampulheta

Reflexões sobre tempo e sobrevivência em “Ampulheta”

Em “Ampulheta”, LetoDie apresenta uma visão direta sobre a luta pela sobrevivência em um ambiente hostil. Logo no início, a escolha entre ser “lobo ou ovelha” evidencia a necessidade de se posicionar diante de um mundo onde a vulnerabilidade pode ser fatal. A ampulheta, usada como metáfora central, reforça a consciência constante da passagem do tempo e da proximidade da morte, temas recorrentes na obra do artista. O verso repetido “O dia cai como areia na ampulheta” destaca a ideia de que cada dia é uma parte limitada da existência, aumentando a urgência de se manter resiliente diante das dificuldades.

A letra também revela conflitos internos, como no trecho “Às vezes sinto que tem dois dentro de mim no encalço / Um puxando para cima, e outro pra baixo”, que expressa a luta entre esperança e desilusão. O questionamento “Se vida não é infinita, porque a morte seria?” mostra uma reflexão sobre a natureza transitória da existência e uma aceitação resignada do fim. O ciclo de sofrimento familiar, citado em “Meu vô sofreu, meu filho vai depois de mim”, sugere que as dificuldades são passadas de geração em geração, reforçando o tom realista da música.

Ao abordar decepções pessoais e a perda da inocência, LetoDie reafirma sua autenticidade e a recusa em se adaptar a padrões impostos, algo presente em sua trajetória. O refrão, ao mencionar “corpos nas sarjetas” e a incerteza do amanhã, simboliza tanto a violência cotidiana quanto a fragilidade da vida. “Ampulheta” se destaca como um retrato honesto da luta diária para sobreviver e buscar sentido em meio ao caos e à passagem do tempo.