As Feras, Essas Queridas

Animalidade e liberdade em "As Feras, Essas Queridas" de Letrux

Em "As Feras, Essas Queridas", Letrux explora a animalidade como símbolo de liberdade emocional e sexual. Logo no início, versos como “abri a casa, abri a cara, abri a caixa torácica” mostram uma entrega total, tanto física quanto emocional. Essa escolha de palavras vai além do literal e reflete a proposta do álbum de transformar experiências pessoais, como o apelido "girafa" que a artista recebeu, em símbolos de autenticidade e força. Letrux ressignifica o que antes era pejorativo, usando a animalidade para afirmar sua identidade.

A letra mistura desejo carnal e honestidade emocional, como em “te cacei pra mim, te tirei o couro, tripas pra fora, tratei com amor”. Aqui, imagens de caça e destrinchar representam relações intensas, onde o amor é vivido de forma crua, quase selvagem, mas ainda assim com afeto. O refrão “ser feita serpente, sereia, com a gente / sua carne selvagem, só de sacanagem” reforça o tom provocativo e irônico, celebrando a entrega aos próprios desejos e a aceitação dos instintos. As metáforas animais, presentes em todo o álbum, questionam as fronteiras entre o civilizado e o instintivo, propondo uma visão de amor e desejo sem filtros, mas sempre com humor e autocrítica.