Os Dois Boizinhos

Pra contar uma boa história
Eu busco todos os caminhos
O causo que eu vou contar
É o de dois garotinhos

Um era castanho escuro
E o outro era branco
Boi é um bicho sensível
E tem sentimento franco

Esses bois cresceram juntos
Numa grande união
O convívio era fraterno
De irmão para irmão

Mas um dia o capataz
Resolveu matar o branco
Prendeu ele no mourão
Foi a tranco e barranco

Com a cabeça amarrada
Ele berrava e mugia
Sentindo o cheiro da morte
Foi grande a sua agonia

O castanho do outro lado
Vendo a situação
Não podia fazer nada
Pra salvar o seu irmão

O capataz com uma faca
Do boi se aproximou
Enfiando a peixeira
No alvo do sangrador

Bem por cima do pescoço
É que foi a direção
Uma cena muito triste
Para qualquer coração

Quando a faca entrou
Foi um berro sem igual
O castanho apavorou
E sentiu-se muito mal

Vendo o povo abrir o irmão
Tirar o couro de destrinchar
Só quem viu é que acredita
O boi se pôs a chorar

O boi foi esquartejado
O castanho endoidou
Passou dois dias berrando
E nem se alimentou

Segundo dia a tarde
Deixaram ir ao mourão
Pois chorava e lambia
O sangue do seu irmão

Depois disso acalmou
Saiu dali berrando
A pessoa que viu isso
Vive se lamentando

Perdeu o seu companheiro
Essa história aconteceu
No mugido ia dizendo
Que o próximo será eu

Gente precisa de carne
Que é pra poder viver
E na vida tem quem morre
Pro outro sobreviver

Animal tem sentimento
Pois também tem coração
Qualquer filho do planeta
Pode ser o nosso irmão