TEACH ME HOW TO DRILL (feat. Fivio Foreign)

Ironia e crítica cultural em “TEACH ME HOW TO DRILL”

“TEACH ME HOW TO DRILL (feat. Fivio Foreign)”, de Lil Mabu, explora de forma provocativa as tensões entre autenticidade e apropriação cultural no rap. Lil Mabu, um jovem branco de origem privilegiada, pede para ser ensinado sobre o drill, um estilo musical nascido em comunidades marginalizadas e marcado por experiências de violência. Essa escolha já carrega uma ironia evidente, que se intensifica na dinâmica entre Mabu e Fivio Foreign. Um dos momentos mais marcantes ocorre quando Mabu quase diz a palavra "nigga" e Fivio completa, evidenciando as barreiras raciais e o debate sobre quem pode ocupar certos espaços dentro do hip hop.

A letra mistura instruções típicas do universo do drill — “Watch out for the cameras, watch out of the police, nigga / And don't tell nobody what you do” (Fique de olho nas câmeras, cuidado com a polícia, cara / E não conte a ninguém o que você faz) — com um tom didático, colocando Fivio como mentor e Mabu como aprendiz. O verso “Yeah, I got a white shooter, huh / And, no, I ain't shootin' no schools up” (Sim, eu tenho um atirador branco, hein / E não, não estou atirando em escolas) faz referência a estereótipos polêmicos sobre brancos armados nos EUA. O refrão “Baby, welcome to the hood / If you with us, you good” (Bem-vindo à quebrada / Se está com a gente, está seguro) sugere uma aceitação superficial de Mabu nesse universo, destacando a artificialidade dessa inclusão.

O tom descontraído e até cômico de trechos como “Wait, can I do a hit on a scooter?” (Espera, posso fazer um ataque de scooter?) contrasta com a seriedade dos temas, reforçando a crítica à busca por viralização em vez de respeito à cultura. Assim, a música funciona como paródia e comentário ácido sobre fronteiras raciais, busca por legitimidade e consumo superficial de culturas urbanas.