Another Song

Vulnerabilidade e dor em "Another Song" de Lil Peep

"Another Song", de Lil Peep, começa com um trecho da voz de Kurt Cobain, criando um elo direto entre o rapper e o lendário vocalista do Nirvana. Ao usar a fala de Cobain — “I was, you know, suicidal... I should take some drugs, you know?” (Eu estava, sabe, suicida... Eu deveria tomar algumas drogas, sabe?) — Lil Peep deixa claro que sua luta com pensamentos suicidas e o uso de drogas como fuga não é isolada, mas parte de um padrão recorrente entre artistas sensíveis à dor emocional e à alienação.

Na letra, Lil Peep alterna lembranças de um relacionamento perdido com a frieza que adquiriu após o sucesso. No verso “I remember when you used to hold me close and say you love me / Now you actin' like a ghost and that's okay, I know I'm ugly” (“Eu lembro quando você me abraçava e dizia que me amava / Agora você age como um fantasma e tudo bem, eu sei que sou feio”), ele associa o afastamento da pessoa amada à sua própria autopercepção negativa, sugerindo que a rejeição alimenta sua baixa autoestima. O contraste entre a conquista material — “I'm okay I'm gettin' money” (“Estou bem, estou ganhando dinheiro”) — e o vazio emocional mostra que o sucesso financeiro não trouxe alívio para sua dor. O verso “Lookin' out the edge, and I'm picturin' the fall 'cause / I don't want to break my legs and have to carry on” (“Olhando para a beirada, imaginando a queda porque / Não quero quebrar minhas pernas e ter que continuar”) explicita pensamentos suicidas, mas também revela o medo de continuar sofrendo caso não consiga escapar de sua realidade. O uso de drogas aparece como um alívio temporário: “If I carry on I'm gon' need some marijuana / Put it in my bong, then I make another song” (“Se eu continuar, vou precisar de maconha / Coloco no meu bong, então faço outra música”), mostrando que a criação musical e o consumo de substâncias são mecanismos de sobrevivência.

A música termina com outro trecho de Cobain: “May as well become a junkie / 'Cause I felt like a junkie every day” (“Talvez seja melhor virar um viciado / Porque eu me sentia um viciado todo dia”), reforçando a sensação de aprisionamento no sofrimento e na dependência. Ao incorporar essas referências e expor sua vulnerabilidade, Lil Peep constrói uma narrativa honesta sobre saúde mental, solidão e a busca por sentido em meio ao caos, conectando sua experiência pessoal à de outros artistas marcados pela dor.