Sleepwalking

Desilusão e ironia conjugal em “Sleepwalking” de Lily Allen

Em “Sleepwalking”, Lily Allen aborda de forma direta e irônica o desgaste emocional de um relacionamento marcado por frustração, manipulação e falta de intimidade. A letra destaca a dinâmica de culpa invertida, em que o parceiro, mesmo sendo distante e infiel, faz com que a narradora se sinta responsável pelo afastamento. Isso fica claro em “Somehow you make it my fault” (De algum jeito, você faz com que seja minha culpa). O refrão, com “You don't stop talking / And I'm just sleepwalking” (Você não para de falar / E eu estou apenas sonâmbula), reforça a sensação de apatia e alienação, como se ela estivesse apenas cumprindo um papel, anestesiada pela rotina.

A ironia aparece em versos como “Who said romance isn't dead? Been no romance since we wed” (Quem disse que o romance morreu? Não há romance desde que nos casamos), expondo a frustração com a falta de paixão após o casamento. O trecho “Why aren't we fucking baby? Yeah, that's what you said / But you let me think it was me in my head / And nothing to do with them girls in your bed” (Por que não estamos transando, amor? Sim, foi isso que você disse / Mas você me fez pensar que era coisa da minha cabeça / E não tinha nada a ver com aquelas garotas na sua cama) revela tanto a traição quanto a manipulação emocional, já que o parceiro faz com que ela duvide de si mesma enquanto esconde suas infidelidades. A referência à “Madonna” e ao desejo de ser “your whore” (sua vadia) explora o conflito entre a mulher idealizada e a mulher desejada, mostrando o esforço da narradora para agradar, mesmo diante da incapacidade do parceiro de se comprometer. O tom irônico e resignado da música reforça a sensação de desilusão, enquanto a metáfora do “sleepwalking” resume o sentimento de estar presa em um ciclo de insatisfação e apatia.