Lava

Renovação e reconexão com a natureza em “Lava”

Em “Lava”, Liniker e os Caramelows exploram o duplo sentido da palavra “lava”, tanto como verbo — lavar, purificar, renovar — quanto como substantivo, remetendo à lava vulcânica, que transforma e fertiliza o solo. Essa escolha reflete o desejo de refúgio e reconexão com a natureza, especialmente durante os períodos exaustivos de turnê. Elementos como “cachoeira e mormaço” e “mata verde” reforçam essa busca por cura e renovação, usando o ambiente natural como metáfora para o processo de se reencontrar consigo mesmo e com o outro. A sonoridade suave, com influências africanas e caribenhas, contribui para essa atmosfera de acolhimento e transformação.

A repetição dos versos “Vos faço canção de antemão / Do que resta desse nosso não / Enraíza, espalha de chão” mostra como a música transforma negativas e decepções em algo fértil, sugerindo que até sentimentos difíceis podem gerar crescimento, assim como raízes que se espalham pela terra. O trecho “A pausa ritmada foi me dada nesse instante / Coração de boa fala foi tirado sem doer” destaca a importância do silêncio e da aceitação, mostrando que pausas e momentos de respiro também fazem parte do ciclo natural das emoções.

Assim, “Lava” constrói uma ponte entre o cotidiano e o sagrado da natureza, usando imagens de limpeza, abraço e crescimento para falar de renovação emocional. A canção propõe que, mesmo diante do cansaço e das negativas, é possível encontrar beleza, pausa e recomeço, transformando experiências em música e conexão.