MAYONGA

Ritual de cura e ancestralidade em “MAYONGA” de Liniker

Em “MAYONGA”, Liniker destaca a importância da ancestralidade feminina e da espiritualidade como caminhos para a cura e o autocuidado. Logo no início, a imagem da “rezadeira na janela” simboliza a busca por proteção e orientação através de figuras femininas que guardam saberes tradicionais. O título “Mayonga” pode se referir tanto a uma entidade mítica ligada à ancestralidade quanto a uma bebida tradicional de cura, reforçando o tema dos rituais transmitidos por gerações. Quando Liniker canta “Peço água de cheiro pra curar”, ela faz referência direta às práticas afro-brasileiras de limpeza espiritual, conectando a letra à herança cultural e à força das tradições na superação das dificuldades do dia a dia.

A canção também aborda o desejo de paz e estabilidade emocional, como em “Que eu quero paz e alguém pra ficar / Um tempo, e dure mais que um verão”. Esse trecho revela o anseio por relações duradouras e pertencimento, temas frequentes na obra da artista. A citação de diferentes nomes femininos – “Dona Maria ou Cinderela / Daza, Joana, Bia, ou Angela” – amplia o sentido de coletividade e diversidade das mulheres que oferecem proteção e acolhimento. No final, o convite “Tome mayonga à luz de velas / Vai brilhar, brilhar, brilhar, brilhar” sugere um ritual de autocuidado e celebração da existência, onde a ancestralidade e a espiritualidade são fontes de força e luz. O arranjo musical simples, descrito como um “chorinho curto”, contribui para a atmosfera intimista e acolhedora, tornando “MAYONGA” uma homenagem sensível à cura, à memória e às raízes culturais.