Serei A (part. Linn da Quebrada)

Sereia do Asfalto: Resistência e Liberdade nas Grandes Cidades

A música 'Serei A' de Linn da Quebrada, com participação de Liniker, é uma poderosa ode à resistência e à liberdade das mulheres trans e travestis negras nos grandes centros urbanos. A figura da 'sereia do asfalto' é central na canção, simbolizando a sedução, o perigo e, principalmente, a liberdade. A sereia, tradicionalmente associada ao mar, é transportada para o asfalto, representando as vivências dessas mulheres que enfrentam os desafios e perigos das cidades, mas que, mesmo assim, não desistem de sua luta por autonomia e dignidade.

O trocadilho entre 'sereia' e 'serei a' reforça a ideia de identidade e afirmação. A sereia do asfalto é a 'rainha do luar', uma figura que, apesar das adversidades, mantém a cabeça erguida e continua a navegar, ou melhor, a 'travecar'. Este último termo, que vem de uma expressão que costuma ser utilizada de forma ofensiva para se referir às mulheres trans e travestis, é ressignificado na música, ganhando um sentido de luta e resistência. A música convida a uma reflexão sobre a realidade das mulheres trans e travestis, que muitas vezes se encontram em dificuldade nas cenas urbanas do Brasil.

A repetição de frases como 'deixa que lave, que leve, que livre, que love, que lute' sugere um ciclo contínuo de desafios e superações. A música é um chamado à resiliência, à continuidade da luta, e à busca incessante por liberdade e amor próprio. A mensagem é clara: aconteça o que acontecer, é preciso continuar a navegar, a travecar, a atravessar, sempre com a cabeça erguida e o espírito indomável.