o dever me chama

Crítica social e autoconhecimento em “o dever me chama”

Em “o dever me chama”, Link do Zap faz uma crítica direta à desigualdade social logo no início, ao inverter papéis e perguntar a um rico como seria perder tudo, concluindo: “Esse cara é você”. Essa provocação evidencia a falta de empatia de quem está em posição de privilégio e propõe uma reflexão sobre como todos podem, em algum momento, ocupar o lugar do outro. O contexto do álbum “histórias de kebrada para pessoas malcriadas” reforça essa abordagem, trazendo à tona experiências de quem vive à margem da sociedade.

A música também aborda questões de saúde mental e autoconhecimento. No verso “Eu achava que não tinha nada tão ruim quanto a fome / Descobri a falta de apetite: O vilão com outro nome”, Link do Zap usa a fome como metáfora para necessidades básicas não atendidas, ampliando o significado ao tratar da apatia e do vazio emocional. O trecho “Eu tava no quarto fazendo os beats / Pra fazer essa aqui, eu faltei a terapia” mostra a música como uma forma de lidar com dilemas pessoais, revelando um tom introspectivo e melancólico.

Ao longo da faixa, o artista critica a busca por soluções externas e milagrosas, como em “Eles precisam de um santo, de um coach, de um padre / Tá todo mundo à espera de um milagre”, e questiona a hipocrisia social ao dizer “Olhe pra trave no seu olho e não pro meu cisco”. O refrão “Eu não escolhi isso / É o dever que me chama” expressa o sentimento de responsabilidade diante das adversidades, enquanto o verso final “De olhos fechados, o mundo é lindo” sugere tanto uma fuga da realidade quanto a esperança de encontrar beleza mesmo em meio à dor.