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Letra

    Com incensos de aroeira e salmos de uma milonga
    Água benta de cambona e um clarão de lua inteira
    Longe dos templos de ouro, barro uma quincha pagã
    Pelegos, tiras de couro, me batizei entre os touros
    Com ungidos de picumã.

    Meu batistério, o galpão
    Guerreado pelos minuanos
    Vento do sul soberano
    Minha primeira oração
    Depois, para os males do corpo
    Peguei a cuidar da alma
    Fervendo infusões de campo
    Com jervas de viernesanto
    Silêncios que a dor acalma.

    Na flor das mãos, o calor, da queimadura do laço
    O batizado machaço dos que não tem tirador
    Me benzi de invernos grandes, para cruzar "las selladas"
    Depois que a junta se entangue, mistura geada no sangue
    Já não se sente mais nada.

    Seguia o gado que berra, numa culatra de tropa
    Da poeira que o casco solta e cobre o manto da terra
    Iluminei de mandados, cruzadores de tormenta
    Havia a força dos descampados, que um raio sobre o alambrado
    Mestre de angico arrebenta.

    E assim me tornei cristiano, e assim que me reconheço
    Em minhas orações, paisano, cada milonga é um terço
    Cada rancho é como um santo, por mais humilide meu templo
    Juntei nada e juntei tanto, nestes batismos de campo
    Na solidão do meu tempo.


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