Karma

Reflexão sobre culpa e redenção em "Karma" de Lisandro Cuxi

Em "Karma", Lisandro Cuxi explora a tensão entre o desejo de mudar e o medo das consequências do passado. Logo no início, ele expressa esse receio ao dizer: “J'ai peur aussi que mon Karma arrive / Et qu'il me prenne la femme que j'aime” (Também tenho medo de que meu karma chegue / E que ele me tire a mulher que eu amo). O artista revela o temor de perder o amor atual por causa de erros antigos, usando a palavra "karma" como se fosse uma força que pode cobrar seu preço a qualquer momento.

Lisandro também destaca sua vontade de se redimir e evoluir, como mostra em “Un homme a le droit de changer / Pour elle tout droit je vais marcher” (Um homem tem o direito de mudar / Por ela, vou seguir o caminho certo). Ele reconhece suas falhas, mas insiste no direito de buscar uma transformação verdadeira. A alternância entre francês e crioulo, como em “Minina minina / Bo é Nha minina”, reforça sua ligação com as raízes cabo-verdianas e traz autenticidade à canção. Frases como “Je n'suis qu'un homme” (Eu sou apenas um homem) e “Des erreurs, oui, j'en fais” (Erros, sim, eu cometo) dão um tom confessional e humano, mostrando que o medo de ser punido pelo passado convive com a esperança de ser aceito e amado no presente. Ao recusar o "appel" (chamado) do karma, Lisandro expressa o desejo de ser reconhecido não pelos erros, mas pela capacidade de amar e mudar, tornando "Karma" um retrato honesto de autocrítica e esperança.