Me Tapo de Nojo

Crítica bem-humorada à tradição em “Me Tapo de Nojo”

“Me Tapo de Nojo”, do artista Lobisomem, utiliza o humor para criticar a superficialidade de quem ostenta símbolos e discursos tradicionalistas sem realmente viver ou respeitar a cultura gaúcha. Logo no início, a música brinca com a confusão entre ovelha e gado, mostrando um personagem que se diz tradicionalista, mas revela desconhecimento básico sobre a vida rural. Esse detalhe, além de engraçado, já aponta para a crítica central: a distância entre o discurso e a prática de muitos que se autoproclamam defensores das tradições.

A letra segue apresentando situações em que o falso tradicionalista se atrapalha com tarefas simples do campo, como montar a cavalo ou diferenciar uma valeta de um vinco, gerando cenas cômicas como “perdi meu brinco!”. Expressões regionais como “tchê bagual” reforçam o tom humorístico e o contexto local. Lobisomem satiriza ainda mais ao mencionar o personagem que “no palco fazia um gritedo” e se autodenomina representante do “nativismo massa”. O verso final, “o que mais me tapa de nojo é que um louco desses às vez até ganha!”, resume a indignação divertida do artista diante do reconhecimento social dado a quem apenas encena uma tradição. Assim, a música provoca reflexão sobre identidade e respeito às raízes, usando o humor para expor a apropriação superficial da cultura gaúcha.