C a ç a - P a l a v r a s (part. miseryswin)

Ironia e autossuperação em “C a ç a - P a l a v r a s (part. miseryswin)”

Em “C a ç a - P a l a v r a s (part. miseryswin)”, loopcinema utiliza a imagem recorrente de “vi a sua cara no caça-palavras” como uma metáfora irônica para a dificuldade de esquecer alguém. Assim como uma palavra que surge inesperadamente em um passatempo, memórias e sentimentos indesejados continuam aparecendo no cotidiano, mesmo quando se tenta seguir em frente. O termo “caça-palavras” também sugere um jogo mental, reforçando o tom leve e sarcástico da música ao mostrar como pensamentos indesejados se infiltram de forma quase involuntária.

A mistura de português e inglês na letra, como em “ela não entende português / The book is on the table, explodindo esse bass” (ela não entende português / O livro está sobre a mesa, explodindo esse grave), brinca com barreiras linguísticas e a superficialidade de algumas relações. A canção alterna entre deboche e vulnerabilidade, evidenciado em versos como “cansei de olhar pro térreo / vou ter que fazer um let it go”, que expressam o desejo de romper ciclos repetitivos. Há também uma crítica ao privilégio no meio artístico em “todos eles têm um papai que deu um estúdio / eu sei que não é bom me comparar com quem não é nada”, mas a autoconfiança retorna em “todos eles ficam feios e eu continuo gata”. Referências ao consumo de ervas e à sensação de estar “preso num limbo” reforçam a confusão emocional e a busca por escape, culminando no rompimento definitivo: “eu cortei esse laço / acho que eu vou lidar melhor sozinho”.

A colaboração com miseryswin amplia a atmosfera experimental da faixa, que retrata de forma irônica e autocrítica o processo de superar alguém que insiste em permanecer na memória, refletindo sobre relações passageiras e a reinvenção pessoal após o fim de um ciclo.