The Old Ways

Retorno e ruptura em “The Old Ways”, de Loreena McKennitt

O “you” (você) do refrão pode ser ao mesmo tempo o amado e a própria tradição que chama de volta. “Home” (lar) aqui não é só uma pessoa ou um lugar, mas um retorno aos antigos caminhos que a canção sugere estarem se perdendo. Ambientada em “on a dark new year's night / on the west coast of Clare” (numa noite escura de Ano-Novo / na costa oeste de Clare), a narrativa ocupa um momento de passagem que reforça a transição entre passado e futuro. O chamado do mar em “The thundering waves are calling me home, home to you” (As ondas retumbantes me chamam para casa, para você) ganha sentido na fusão celta de Loreena McKennitt, que costuma explorar viagem, história e espiritualidade. As imagens sensoriais — cheiro de sal, vento no cabelo, a dança que cessa ao longe — funcionam como âncoras de memória e pertencimento, sugerindo raízes que puxam de volta.

A narrativa caminha do encontro à consciência da separação. Depois do encanto do canto e da dança, chega a pausa à beira-mar e a certeza: “Suddenly I knew that you'd have to go / Your world was not mine” (De repente eu soube que você teria que ir / Seu mundo não era o meu). Esse impasse culmina no “crossroads of time” (encruzilhada do tempo), quando surgem “thundering hooves and beating wings” (cascos trovejantes e asas batendo), imagens de forças maiores — o tempo, a mudança, a história — que empurram adiante. Ao ouvir seu nome e ver “Like a bird in a cage / spreading its wings to fly” (Como um pássaro numa gaiola / abrindo as asas para voar), a partida do amado também soa como a cultura dizendo “The old ways are lost” (Os antigos caminhos estão perdidos). No fim, o mar volta a chamar; persiste a saudade e a busca por um lar ao mesmo tempo afetivo e ancestral.