Visages - Portrait Imparfait (feat. Alice Duport-Percier)

Fragmentação e identidade em “Visages - Portrait Imparfait”

Em “Visages - Portrait Imparfait (feat. Alice Duport-Percier)”, Lorien Testard utiliza uma língua fictícia para criar uma atmosfera de mistério e universalidade. Essa escolha permite que a música expresse emoções e temas sem depender de significados literais, tornando a experiência mais sensorial e aberta à interpretação. O título, que mistura francês e latim, já indica o foco em identidades fragmentadas e na busca por um ideal inalcançável — “Portrait Imparfait” (retrato imperfeito) e “Idéal Mental” (ideal mental) apontam para o contraste entre a autoimagem real e a idealizada, um tema comum em narrativas introspectivas e existenciais.

Mesmo com versos inventados, a repetição de palavras como “Cléa”, “l’amour”, “vivra” e “voix vivra” sugere uma história de perda, superação e resistência. Por exemplo, “Cléa perdra l’amour vivra” pode ser entendido como a superação de uma perda amorosa, enquanto “Cléa va chanta la voix vivra” indica que a voz — símbolo de identidade e força — permanece viva. O contexto do jogo “Clair Obscur: Expedition 33”, para o qual a música foi composta, reforça essa leitura, já que a trilha sonora acompanha personagens em jornadas de autodescoberta e enfrentamento de imperfeições. Nomes como “Cléa” e “Alicia” podem remeter a personagens do jogo ou representar arquétipos de quem enfrenta desafios e dores, como em “Voleo Alicia pleura” (Alicia chora), ampliando o alcance emocional da faixa.

Assim, a música transmite melancolia e esperança, explorando a beleza e a dor de ser imperfeito. O uso da língua inventada reforça a ideia de que sentimentos profundos podem ser compreendidos além das palavras, conectando o ouvinte à experiência emocional proposta pela trilha sonora do jogo.