Dilemme

Contradições e identidade em "Dilemme" de Lous And The Yakuza

Em "Dilemme", Lous And The Yakuza explora o desejo de viver "seule" (sozinha) como uma forma de autopreservação diante de relações e ambientes que trazem dor e desilusão. Ao dizer “Si je pouvais je vivrais seule / Loin de mes chaînes et des gens que j'aime” (“Se eu pudesse, viveria sozinha / Longe das minhas correntes e das pessoas que amo”), ela revela o paradoxo de querer se afastar não só dos problemas, mas também de quem ama, mostrando que até os laços afetivos podem ser fonte de sofrimento. Esse dilema é intensificado pelo contexto de sua vida entre o Congo e a Bélgica, onde enfrentou desafios de identidade e pertencimento, como expressa em “Ma peau n’est pas noire, elle est couleur ébène” (“Minha pele não é preta, é cor de ébano”).

A música tem um tom melancólico e introspectivo, reforçado por frases como “Quand je suis triste, je chante” (“Quando estou triste, eu canto”) e “Si je rate, je recommence” (“Se eu falho, eu recomeço”), que mostram a busca de Lous por reconstrução e aceitação pessoal. O conflito entre se proteger e se abrir ao mundo reflete experiências pessoais da artista, especialmente após desentendimentos com amigos próximos. A metáfora “La vie est une chienne / Qu'il faut tenir en laisse” (“A vida é uma cadela / Que precisa ser mantida na coleira”) expressa a necessidade de controlar as dificuldades da vida para não ser dominada por elas. Além disso, ao abordar questões raciais e sociais em versos como “Encore un nègre trop frais, ça dérange” (“Mais um negro muito autêntico, isso incomoda”), Lous reafirma sua identidade e resistência, mostrando que buscar liberdade e pertencimento exige coragem para ser fiel a si mesma.