Ankles

Desejo e entrega em "Ankles" de Lucy Dacus

O título "Ankles" traz um simbolismo interessante: além de sugerir vulnerabilidade e entrega, também remete à ideia de estabilidade e flexibilidade. Lucy Dacus usa imagens diretas de desejo, como “bite me on the shoulder, pull my hair” (me morda no ombro, puxe meu cabelo) e “pull me by the ankles to the edge of the bed” (me puxe pelos tornozelos até a beirada da cama), para mostrar a tensão entre autocontrole e a vontade de se entregar totalmente à paixão. Essa abordagem marca uma nova fase na carreira da artista, que agora fala sobre intimidade de forma aberta, transformando a frustração do desejo não realizado em uma celebração divertida da atração mútua.

A letra começa com a tentativa de manter uma relação platônica, questionando: “What if we don't touch? What if we only talk about what we want and cannot have?” (E se a gente não se tocar? E se só falarmos sobre o que queremos e não podemos ter?). Mas logo evolui para a fantasia e o desejo explícito. Em entrevistas, Dacus explicou que a música fala sobre desejar algo inatingível e sobre o momento em que a imaginação toma conta, mesmo com tentativas de autocontrole. O contraste entre o desejo intenso e a intimidade do dia a dia – como em “help me with the crossword in the mornings” (me ajude com as palavras cruzadas de manhã) e “gonna ask me how did I sleep” (vai me perguntar como dormi) – reforça que desejo físico e conexão emocional andam juntos. O verso “agent of chaos, angel of death, one of three ancient fates” (agente do caos, anjo da morte, uma das três antigas moiras) traz uma dimensão mitológica, sugerindo que o relacionamento é imprevisível e inevitável, como se fosse guiado pelo destino. Assim, "Ankles" se destaca por unir honestidade, sensualidade e profundidade emocional em uma narrativa sobre desejo, entrega e conexão.