Come Out

Conflito entre autenticidade e pressão social em “Come Out”

“Come Out”, de Lucy Dacus, explora o conflito entre a necessidade de se encaixar em ambientes sociais e profissionais e o desejo de viver com autenticidade e conexão verdadeira. Logo no início, a artista descreve um ambiente corporativo impessoal: “board room / Full of old men guessin' what the kids are getting into” (“sala de reuniões / cheia de velhos tentando adivinhar no que os jovens estão se metendo”), mostrando seu sentimento de deslocamento. A imagem do “cardboard cutout of a cowboy” (“recorte de papelão de um caubói”) reforça a artificialidade e a falta de conexão real nesse contexto. Esse cenário contrasta com o refrão emocional: “I miss you, I miss you, I miss you in my arms” (“sinto sua falta, sinto sua falta, sinto sua falta nos meus braços”), que expressa não só saudade física, mas também a busca por presença emocional e autenticidade nos relacionamentos.

A repetição de “come out, come out, wherever you are” (“apareça, apareça, onde quer que você esteja”) tem duplo sentido: é um chamado para que a pessoa amada se revele, mas também faz referência à canção de Glinda em “O Mágico de Oz”. Lucy Dacus ressignifica essa frase como um hino de orgulho queer e de viver abertamente, conectando à sua própria experiência de se assumir e enfrentar expectativas sociais. O desejo de “screaming my favorite things about you” e “screaming your name” (“gritar minhas coisas favoritas sobre você” e “gritar seu nome”) mostra a vontade de expressar o amor livremente, mesmo que isso exija coragem e risco. Ao longo da música, a solidão das cidades e a observação de casais reforçam que, apesar das experiências e lugares, nada substitui a intimidade e a presença de quem se ama. “Come Out” é, assim, um convite à vulnerabilidade, ao orgulho e à busca por conexão real.