Los Libros de La Buena Memoria

Memória, amor e ausência em "Los Libros de La Buena Memoria"

Em "Los Libros de La Buena Memoria", Luis Alberto Spinetta explora a relação entre memória, amor e perda, trazendo referências claras ao escritor Jorge Luis Borges. A presença de imagens como a cegueira e os livros remete diretamente à trajetória de Borges, especialmente no verso “se queda oyendo como un ciego frente al mar” (fica ouvindo como um cego diante do mar). Aqui, a cegueira simboliza a busca incerta pelo passado, enquanto o mar representa a imensidão das lembranças e sentimentos não resolvidos.

A letra também utiliza as “luces rojas y verdes” (luzes vermelhas e verdes) para ilustrar os limites e permissões do amor, como se fossem semáforos emocionais que ora permitem, ora impedem a aproximação. O vinho e o licor aparecem em versos como “El vino entibia sueños al jadear” (O vinho aquece sonhos ao suspirar) e “Esta botella se ha vaciado tan bien” (Esta garrafa foi esvaziada tão bem), mostrando o uso da embriaguez como tentativa de aliviar a dor da ausência. No entanto, essas tentativas se mostram insuficientes diante da força persistente da memória. O clima melancólico, reforçado pelo som do bandoneón, acentua o tom de despedida e saudade. Por fim, imagens como “ya se ven los tigres en la lluvia” (já se veem os tigres na chuva) trazem uma sensação de ameaça ou inquietação, sugerindo que, mesmo após o fim do amor, as marcas e perigos permanecem vivos na memória.