Canción Para Los Días de La Vida

Infância, imaginação e afeto em “Canción Para Los Días de La Vida”

Em “Canción Para Los Días de La Vida”, Luis Alberto Spinetta resgata o universo lúdico e surrealista que marcou sua trajetória com a banda Almendra, mas agora com um tom mais íntimo, dedicado ao filho Dante. Elementos como “gnomos de lata que de noche nunca ríen” e “mi duende nació” (“meu duende nasceu”) funcionam como metáforas para proteção, criatividade e inocência, aspectos fundamentais no crescimento e na busca de sentido para a vida. O duende, descrito com “orejas blancas como un soplo de pan y arroz” (“orelhas brancas como um sopro de pão e arroz”) e “un violín que nunca calla” (“um violino que nunca se cala”), representa a inspiração artística e a pureza infantil, mostrando como a música e a imaginação acompanham cada etapa da existência.

A letra também aborda a necessidade de aprender a viver com leveza e coragem diante das adversidades. Versos como “tengo que aprender a volar entre tanta gente de pie” (“preciso aprender a voar entre tanta gente em pé”) e “mojaré mis alas como el árbol o el ángel” (“molharei minhas asas como a árvore ou o anjo”) expressam a busca por liberdade e autenticidade em meio à rotina e às pressões sociais. Imagens sensoriais, como “la mañana silbándome en la espalda” (“a manhã assobiando nas minhas costas”) e “la espuma gira en torno a mi piel” (“a espuma gira em torno da minha pele”), reforçam a conexão com o presente e a valorização dos pequenos detalhes. Ao final, Spinetta propõe um olhar amoroso e corajoso para a vida, celebrando a beleza de cada instante e a capacidade de se reinventar, como no verso “me pondré las ramas de este Sol que me espera para usarme como al aire” (“colocarei os galhos deste Sol que me espera para me usar como o ar”).