Caravela
Luiz Gabriel Lopes
Olho pro alto e não vejo
O milagre, o fim do ano
Espero a lágrima imensa que lave
O desengano das mães
Dos muleks que morrem
Todos os anos
E sua dor verdadeira que nos perfurará
Na velocidade de um míssil
Olho pra frente e desejo
Que esse sinal fechado
Se abra em um milhão de cores & nomes
& abracadabras na boca de um índio ciborgue de outro planeta
Que com sua voz violeta nos ensinará
O grande mistério do óbvio
Olho pro lado e não vejo
Meu brother do meu lado
Fico de cara lavada, calado
E feito fera virada do avesso
Me reconheço a mim
E tudo mais que mereço se aproximará
Todas as luzes do mundo
Olho pro lado e percebo
A cidade, o fim do mundo
Olho pro alto, será que é milagre?
A caravela mais velha da terra
Terá lugar ao Sol
Sobrevivendo ao naufrágio
& a toda escuridão
Inaugurando uma era
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