Boiadeiro/Cigarro de Paia

Cotidiano e orgulho sertanejo em "Boiadeiro/Cigarro de Paia"

"Boiadeiro/Cigarro de Paia", interpretada por Luiz Gonzaga, se destaca por retratar com autenticidade a vida do homem do campo nordestino, mesmo tendo sido composta por autores cariocas e militares sem ligação direta com o sertão. Gonzaga potencializou essa conexão ao usar a música como abertura de seus shows por décadas, tornando-a um símbolo de orgulho e identidade regional. A letra valoriza o cotidiano simples, mostrando como elementos como o gado, os filhos, a esposa Rosinha e o cigarro de palha, apesar de modestos, são insubstituíveis e preciosos para quem vive essa realidade.

O refrão repetido, “Vai, boiadeiro, que a noite já vem / Guarda teu gado e vai pra junto do teu bem”, reforça a importância do reencontro com a família após o trabalho, destacando o afeto como prioridade. O trecho “São dez cabeça, é muito pouco, é quase nada / Mas não tem outras mais bonitas no lugar” expressa orgulho e contentamento pelo que se tem, mesmo que seja pouco, sentimento que se estende aos filhos e à esposa. Na segunda parte, versos como “Meu cigarro de paia / Meu cavalo ligeiro / Minha rede de maia / Meu cachorro perdigueiro” criam um retrato nostálgico da vida rural, onde cada detalhe tem valor. O verso “Que só me falta uma bonita morena / Pra mais nada me faltar” mostra que, apesar da satisfação com a vida simples, o desejo de companhia amorosa completa a felicidade. Assim, a canção celebra a dignidade, o afeto e a simplicidade do sertão, emocionando públicos de diferentes origens.