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Aquele Zaino

Luiz Marenco

Letra

    Entre os cavalos que eu tive
    Ouve um zaino requeimado!
    Era bom como um pecado
    De pata e rédea - um relampo!
    Bonito para um passeio
    Garboso e atirando o freio
    Em toda a lida de campo

    Foi de fama, esse pingaço
    Arrocinado por mim!
    Orelhas grandes assim
    Como pompas haraganas
    Por seu galope hay tiranas
    Que ainda se alembram de mim

    Os grandes tiros de laço
    Os de parar a gauchada
    E os pealos de escornada
    Mais do que a vista e que ao braço
    Eu os devia ao grande pingo!

    E quantas vezes, ringindo
    Cincha, bastos, e caronas
    Me levava às querendonas
    Pelas tardes de domingo!

    Sentava-lhe um cogotilho!
    Fogoso para um floreio
    Mansito para um idílio
    Por noites de tempo feio
    Certo no rumo ou no trilho
    E até recordo um enterro
    Em que um taura ia pra toca
    Ao tranquito acompanhando
    Meu zaino ia se ladeando
    Pra um selim de chinoca

    Foi um amigo que eu tive
    Esse zaino requeimado!
    Só de lembrá-lo revive
    Uma saudade importuna

    Nele, firme no lombilho
    Eu me sentia um caudilho
    Nas vanguardas da coluna

    Nos bailes, de madrugada
    (Ou mesmo não'algum bochincho)
    Preso ao palanque, alarmado
    Chamava o dono enredado
    Pelos clarins do relincho!

    Como a dizer: Está na hora
    Patrão, de voltar a estância!
    Já chega de extravagância
    Amigo, bamos simbora!
    Logo as chilenas cantavam
    O lenço e o pala ruflavam
    E as toaditas retrechavam
    No galope estrada fora

    Por tardes, cabeça erguida
    Olhava ao longe, desperto
    Talvez sonhando a aventura
    Da correria e a loucura
    De algum sultão do deserto

    Dos seus ancestrais, na Ibéria
    Decerto algum foi montado
    Por alguém que não entangue
    O tempo, a memória de ouro!
    Batalhas de luso e mouro
    Que ainda carrega no sangue

    Às vezes corria à toa
    Solto, em violento furor
    Então tremendo atropelo
    Tal se levasse de em pêlo
    Um guarany boleador

    Lavado em suor, venta aberta
    Uns olhos de javali!
    Estampa de alarma e alerta
    Cogoti de buriti
    Com as orelhas mais inquietas
    Que gavião quiri-quiri!
    Como se um canhão tronasse
    E o velho Osório o montasse
    Nos campos de Tuiuti

    Composição: Aureliano De Figueiredo Pinto / Noel Guarany. Essa informação está errada? Nos avise.
    Enviada por Joeder. Revisões por 4 pessoas. Viu algum erro? Envie uma revisão.

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