Êta Nóis!

Cotidiano e superação nas relações em “Êta Nóis!”

Em “Êta Nóis!”, Luli e Lucina utilizam um português coloquial e regionalista para aproximar a canção do cotidiano brasileiro. Expressões como “nóis se cruzemo” e “nóis se gostemo” reforçam a oralidade popular, característica marcante da dupla, que sempre valorizou a cultura e os ritmos regionais em suas composições. Esse uso da linguagem torna a experiência retratada na letra mais universal e fácil de se identificar, conectando o ouvinte à realidade do povo brasileiro.

A letra aborda o ciclo dos relacionamentos, mostrando que encontros e desencontros fazem parte da vida. No trecho “Nóis se cruzemo na espiral da vida / Mais de uma vez eu tenho consciência / De que na vida não tem coincidência”, as compositoras sugerem que os encontros são parte de um destino compartilhado, e não meras coincidências. A convivência é representada por uma metáfora musical: “Mil música cantemo pros nossos ouvidos / Os lás e os bemóis acordes dissonando / Em perfeita harmonia”, indicando que, mesmo com diferenças e conflitos, é possível encontrar harmonia. A canção também reconhece as crises nos relacionamentos: “Caímos no chão como dois inimigo / Nos batendo, estropiando / Destruindo o construído”, mostrando que até as relações mais sólidas enfrentam dificuldades.

No final, a música traz uma mensagem de esperança e renovação: “No fundo do tacho um gosto de fel / Mas um dia as abelhas se voltam todinhas / E no milagre da lida o amor vira mel”. A metáfora do mel produzido após o trabalho das abelhas sugere que, apesar das amarguras, o amor pode se transformar e adoçar novamente a vida. O título “Êta Nóis!” funciona como uma exclamação de surpresa e reconhecimento diante das voltas da vida, celebrando a superação e a força dos laços humanos.