A Estrada do Monte

Solidão e saudade em “A Estrada do Monte” de Madredeus

Em “A Estrada do Monte”, do Madredeus, a estrada e a fonte ganham destaque quase como personagens silenciosas, refletindo o sofrimento do narrador. O cenário rural serve de espelho para a solidão e a saudade após o fim de um grande amor. A imagem da fonte “manchada com tanto que se chorou” mostra de forma clara como a dor foi intensa a ponto de deixar marcas no próprio ambiente, reforçando o peso da perda.

A letra narra um abandono marcado pela recusa do amor: “Eu a dizer-lhe que a queria / Ela a dizer-me que não”. O canto dos pássaros, que “não se calava”, contrasta com o silêncio e a tristeza do narrador, ampliando o sentimento de isolamento. No final, o verso “Siga essa estrada / Não custa nada / Que eu fico aqui a cantar” revela uma aceitação melancólica do destino, com o narrador permanecendo no local da perda e transformando a dor em música. O contexto do álbum, que mistura fado com elementos contemporâneos, reforça o tom nostálgico e universal da canção, tornando a experiência pessoal do narrador algo com que muitos ouvintes podem se identificar.