Bel Air

Memória e perda em "Bel Air" de Malice Mizer

"Bel Air", da banda Malice Mizer, explora a tensão entre a tentativa de preservar momentos felizes e a inevitabilidade da perda. O título, que pode ser interpretado como "belo ar" ou "asa verde", já sugere essa dualidade entre leveza e melancolia. A música está diretamente ligada ao curta-metragem "Verte Aile", no qual a morte de Judith marca o início de um processo de luto e saudade. Esse contexto é fundamental para entender a letra, especialmente quando o eu lírico diz: "hora mada nukumori sae boku no te no hira ni dakarete iru" ("ainda sinto até o calor em minhas mãos"), expressando o desejo de manter viva a presença de quem se foi, mesmo quando a realidade já não permite esse contato.

A canção utiliza imagens como "oozora ni ukabeta omoide no naka de odoru futari" ("no céu flutuam as memórias de dois que dançam"), reforçando o tom nostálgico e onírico, e remetendo à cena inicial do curta, em que o protagonista segura sua amada em um terreno baldio. A repetição de gestos e palavras, como em "yurenagara ashi o ukase" ("deixando os pés balançarem"), sugere um estado de suspensão entre passado e presente, entre o desejo de conexão e a aceitação da ausência. O fato de o narrador não conseguir se despedir adequadamente, como em "saigo made sayonara sae iezu" ("nem consegui dizer adeus até o fim"), intensifica o sentimento de incompletude e a busca por sentido diante da dor. Assim, "Bel Air" se apresenta como uma reflexão sensível sobre a fragilidade dos momentos felizes e a luta para manter vivas as memórias, ampliando o impacto emocional da música ao dialogar com o universo visual e temático da banda.