Cachimbo da Paz (part. Gabriel o Pensador)

Hipocrisia social e crítica em “Cachimbo da Paz (part. Gabriel o Pensador)”

“Cachimbo da Paz (part. Gabriel o Pensador)”, interpretada por Maneva, utiliza a figura do velho índio e seu "cachimbo da paz" como uma metáfora clara para a maconha, questionando a seletividade das leis e a hipocrisia social. O verso “com tantas drogas, por que só o seu cachimbo é proibido?” expõe como a sociedade condena o uso da maconha, enquanto tolera ou ignora outras drogas e violências, como o álcool e o jogo, frequentemente associados a crimes graves. Essa crítica é reforçada ao mostrar que o cachimbo, símbolo de paz e sabedoria ancestral, é tratado como ameaça, enquanto problemas mais sérios são deixados de lado.

A música também destaca a contradição de um sistema que prefere reprimir do que dialogar. A repetição de “apaga a fumaça do revólver, da pistola / manda a fumaça do cachimbo pra cachola” sugere a troca da violência armada por uma busca de harmonia, mas ironiza o fracasso dessa proposta diante da repressão. O desfecho, em que o cachimbo segue proibido e acaba sendo comercializado por criminosos, evidencia o ciclo vicioso da proibição e como ela alimenta a própria violência que tenta combater. A versão de Maneva, ao incorporar o reggae, reforça o tom de crítica social e a mensagem de paz, mostrando que o tema permanece relevante.