Samba-Enredo 2023 - As Áfricas Que a Bahia Canta

A celebração da ancestralidade em “Samba-Enredo 2023 - As Áfricas Que a Bahia Canta”

"Samba-Enredo 2023 - As Áfricas Que a Bahia Canta", interpretado pela G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ), destaca o protagonismo das mulheres negras ao afirmar que "toda mulher é flecha da evolução" e ao coroar a mulher preta como rainha no "quilombo verde e rosa". A letra, conduzida por uma voz feminina negra, faz uma ponte entre a ancestralidade africana e a resistência cultural, valorizando a identidade afro-brasileira. O samba ressalta a importância das instituições carnavalescas negras e de manifestações culturais como cucumbis, afoxés e cortejos de candomblé de rua, mostrando como essas tradições mantêm vivas as raízes africanas no Brasil.

A música também reforça a dimensão espiritual da cultura afro-baiana ao citar termos como "ilú" (tambor sagrado), "ijexá" (ritmo afro-baiano) e orixás como Oyá (Iansã) e Oxum, evidenciando a união entre arte e fé na luta contra o racismo e a intolerância. Ao mencionar símbolos como Ilê Aiyê, Olodum, Filhos de Gandhi e o Pelourinho, o samba celebra a diversidade dos blocos afro e das comunidades que preservam tradições herdadas dos quilombos. O refrão "quando o verde encontra o rosa, toda preta é rainha" une a identidade da Mangueira à valorização da mulher negra, enquanto expressões como "meu cabelo black, negão, coroa de preto" reafirmam o orgulho e a autoestima negra. Assim, a letra transforma o samba em um manifesto de resistência, alegria e afirmação cultural, onde a arte é instrumento de luta e celebração das raízes afro-brasileiras.