Prefácio

Resiliência e crítica social em "Prefácio" de Manifesto!

"Prefácio", do Manifesto!, retrata a realidade dura de quem vive da informalidade nas grandes cidades. A referência ao "rapa" e à vida de vendedor ambulante mostra a luta diária de adaptação e sobrevivência, como na comparação: "dentro do copo consegue se encaixar / Dentro do bule se adaptar". O verso "Sou fã d'O Rappa / Mas odeio o rapa / Que um dia levou minhas águas" faz um jogo de palavras entre a admiração pelo grupo O Rappa, conhecido por abordar temas sociais, e o ressentimento pela fiscalização que apreende mercadorias, evidenciando o contraste entre inspiração artística e dificuldades reais.

A letra acompanha o amadurecimento do protagonista, desde o crescimento físico e emocional até a necessidade de independência e cautela nas ruas: "Solta a mão dela na hora de atravessar / Mas não deixe moleque ninguém te atropelar". O cotidiano é marcado por desafios, como o transporte público lotado, a venda informal e a busca por pequenas alegrias, como ouvir rap ou jogar futebol. A frase "Prefiro morrer Bené / Do que morrer Zé pequeno" faz referência ao filme Cidade de Deus, indicando a escolha por um caminho menos violento, mesmo diante das adversidades. O refrão reforça a persistência: "Eu vou viver / E vou fazer / Acontecer / E ninguém agora vai me amedrontar". No final, a música questiona a justiça social e denuncia a dificuldade de acesso ao básico, como em "E o mundo sempre foi daqueles / Que nega um copo de leite", encerrando com crítica, mas também esperança e vontade de vencer.