Privilégio 2 (O Tempo É Rei)

Reflexão sobre desigualdade e tempo em "Privilégio 2 (O Tempo É Rei)"

"Privilégio 2 (O Tempo É Rei)", de Mano Brown, apresenta uma análise direta e sincera sobre a vida na periferia de São Paulo. O artista destaca que a infelicidade e o vazio existencial atingem tanto ricos quanto pobres, mostrando que a crise de sentido não se limita à classe social. Ao citar “Você não vê felicidade no olho de ninguém, nem do pobre nem do rico”, Brown evidencia que, mesmo com diferenças materiais, todos enfrentam dificuldades e desorientação diante da vida. Essa abordagem vai além da crítica social tradicional, apontando para um sentimento coletivo de insatisfação, onde conquistas materiais não garantem realização ou propósito.

O título e a frase “O tempo é rei” reforçam a ideia de que, apesar das injustiças e desigualdades, é o tempo que revela quem é realmente forte e resiliente. Brown afirma que “só os duros continuam caminhando” quando a situação aperta, mostrando que a resistência é necessária tanto para quem está no crime quanto para quem busca sobreviver honestamente. Ele também compara a infância cheia de sonhos com a dura realidade da periferia, onde “periferia não tem super herói” e os verdadeiros heróis são aqueles que sobrevivem ou conquistam respeito, mesmo que de forma questionável. O respeito à família, especialmente à mãe, e o desejo de garantir um futuro melhor para os filhos são temas centrais. A música antecipa discussões aprofundadas em “Da Ponte pra Cá”, consolidando a crítica à desigualdade e à falta de perspectivas. No fim, Mano Brown deixa claro que a caminhada é difícil, mas a resistência e o tempo são fundamentais para revelar quem realmente faz a diferença.