Morre Um

A Realidade Crua das Ruas em 'Morre Um' de Mano Fler

A música 'Morre Um' de Mano Fler é uma crônica visceral da vida nas periferias urbanas, onde a violência e a criminalidade são uma constante. A letra aborda a ciclicidade da vingança e da morte, onde um assassinato leva a outro, criando um ciclo interminável de dor e perda. A frase 'Se hoje morre um, amanhã tem a vingança' encapsula essa realidade brutal, onde a morte de um indivíduo é rapidamente seguida por retaliações, perpetuando um ambiente de insegurança e medo.

Mano Fler também explora a desilusão e a reflexão de quem está envolvido nesse mundo. O trecho 'No fundo de uma cela o coração se abriu' sugere um momento de introspecção e arrependimento, onde o indivíduo reconhece a necessidade de mudar de vida, abandonando o crime. No entanto, essa mudança é dificultada pela falta de oportunidades e pelo estigma social, representado pela metáfora 'Tire a algema do pulso do Frankenstein', que simboliza a libertação das amarras sociais e pessoais que prendem o indivíduo a um ciclo de violência.

A música também critica a hipocrisia e a corrupção do sistema, com versos como 'O governo que te compra é o mesmo que te assalta', destacando a falta de apoio e a exploração das comunidades marginalizadas. Mano Fler utiliza referências culturais e literárias, como 'Adebisi' e 'Frankenstein', para enriquecer a narrativa e oferecer uma visão mais profunda e complexa da realidade enfrentada por muitos. A repetição de 'Só quem passou sede com nós vai tomar da nossa água' enfatiza a solidariedade e a união entre aqueles que compartilham as mesmas dificuldades, sugerindo que apenas quem viveu essas experiências pode realmente entender e valorizar a luta diária pela sobrevivência.