O Lado Certo da Vida Errada (part. X4NDOM)

Reflexões sobre escolhas e redenção em “O Lado Certo da Vida Errada”

"O Lado Certo da Vida Errada (part. X4NDOM)", de Mano Fler, aborda de forma direta os dilemas enfrentados por quem vive na periferia, especialmente a linha tênue entre sobrevivência e criminalidade. A música destaca como, muitas vezes, as escolhas disponíveis são limitadas e podem levar tanto à marginalização quanto à busca por redenção. O verso “Eu já vendi umas drogas e era chamado de louco / E o cientista construindo bomba na cara do povo” expõe a hipocrisia social: enquanto o narrador é julgado por seus atos, crimes de maior escala, como a produção de armas, são normalizados, sugerindo que a responsabilidade pelo sofrimento coletivo não é apenas individual, mas também social.

A letra traz relatos pessoais e sinceros, refletindo as experiências de Mano Fler e X4NDOM nas ruas. O trecho “1100 cilindradas, entre a cruz e a espada / De capuz e as quadrada, com a coragem e a cara” mostra o cotidiano perigoso e a constante tensão entre o certo e o errado. Já “Quando ela descobriu, só chorava, me xingava / Ajoelhada ela orava para mim não se envolver” revela o impacto dessas escolhas na família, especialmente na mãe do narrador. A repetição de “Vivo nós somos traídos / Mortos deixamos saudades / Preso somos esquecidos / Por falsos amigos atrás das grades” reforça o ciclo de abandono e desilusão vivido por quem está à margem. No final, a busca por perdão e mudança aparece como um caminho possível, mostrando que, apesar dos erros, sempre existe espaço para transformação e esperança.