Rap Frio

Realidade Crua e Fria: A Visão de Mano Fler no Sul do Brasil

A música 'Rap Frio' de Mano Fler é uma crônica lírica que retrata a dura realidade das periferias do sul do Brasil. A letra começa com uma observação sobre a vida de um jovem negro, que enfrenta desafios tanto no inverno quanto no verão, simbolizando a constante luta pela sobrevivência. A música destaca o respeito e a inteligência como valores essenciais, mas também a hipocrisia e a violência que permeiam o cotidiano. A frase 'a mente não fala a verdade, ela mente' sugere a complexidade das percepções e a dificuldade de discernir a verdade em um ambiente tão adverso.

Mano Fler utiliza metáforas e imagens fortes para descrever a violência e a criminalidade. A 'catapulta' e o 'mosquito de ferro' são símbolos de armas e violência, enquanto 'fogo no pavio' e 'marca de bala no Porsche' ilustram a brutalidade e a presença constante do perigo. A música também aborda a questão da fome e da pobreza, com 'crianças com fome' e 'sangue no meio fio' pintando um quadro sombrio da realidade local. A expressão 'rap frio' no refrão sugere que, apesar da intensidade e da paixão, a música é uma resposta fria e calculada às condições extremas vividas.

A letra também reflete sobre a resiliência e a sabedoria adquirida através das dificuldades. A ideia de que 'a vida é curta, a idade chega, mas a alma de Deus esquece de envelhecer' sugere uma espiritualidade que transcende as adversidades. A música enfatiza a importância de aprender com os erros e de se adaptar, como na linha 'aprendeu já na primeira queda, a não abrir o paraquedas'. A mensagem final é de resistência e de luta contínua, com a música servindo como um meio de expressão e de conexão entre as comunidades marginalizadas. 'Rap Frio' é, portanto, um testemunho poderoso da realidade vivida por muitos no sul do Brasil, e um chamado à ação e à conscientização.