Relato Sagrado Part. 2

Conflitos e superação em "Relato Sagrado Part. 2" de Mano Fler

Em "Relato Sagrado Part. 2", Mano Fler transforma vivências de violência, criminalidade e prisão em um relato direto e sincero, buscando também redenção. Um ponto importante da música é a dualidade entre o fascínio e o repúdio pela vida do crime. O artista destaca como, ao mesmo tempo em que era admirado por algumas pessoas pelo seu estilo perigoso, ele próprio rejeitava essa realidade, enquanto sua mãe sofria com suas escolhas. Isso fica claro no verso: “as gatas que eu pegava amava a vida que eu odeio / Elas achava lindo minha mãe achava feio”, que evidencia o conflito entre a admiração social e o sofrimento pessoal e familiar.

A letra traz relatos reais do cotidiano na periferia, abordando o envolvimento com armas, assaltos e a rotina no sistema prisional. O trecho “A prisão não é só cadeia, liberdade não é só rua / Tem homem livre atrás das grades / E homem preso aqui na rua” aprofunda a reflexão sobre liberdade, mostrando que ela pode ser limitada por fatores psicológicos e sociais, não apenas físicos. O refrão “tentaram me enterrar, mas se esqueceram eu sou semente” reforça a ideia de resiliência e superação, indicando que, apesar das tentativas de silenciamento, Mano Fler se reinventa e cresce mesmo diante das adversidades. O contexto da música reflete experiências comuns a muitos jovens das periferias, tornando o relato ainda mais representativo e impactante para quem vive realidades semelhantes.