Trem da Avenida

Desigualdade e esperança em "Trem da Avenida" de Mano Fler

"Trem da Avenida", de Mano Fler, retrata de forma direta o contraste entre o sonho e a dura realidade vivida por migrantes do interior que buscam uma vida melhor na cidade grande. A música acompanha a trajetória de Maria, que cresce no interior com esperança e fé, influenciada por imagens idealizadas da cidade e da política, como a foto de Lula em um palanque. No entanto, ao migrar, Maria se depara com a desigualdade, violência e indiferença urbana, percebendo que as promessas de progresso eram ilusórias. O verso “mas ela não sabia que a passagem é só de ida, reflita” destaca a ideia de que a migração é um caminho sem volta, marcado por sofrimento e exclusão social.

A letra detalha a infância humilde de Maria, a perda da mãe e a luta diária da família, até sua chegada à cidade. O choque com a realidade urbana aparece em cenas de pobreza, poluição e violência, desmontando as ilusões criadas pela mídia e pela política. O trecho “O Lula era um rei, assim ela achava / Agora ver que é ele o autor dessa desgraça” evidencia a decepção política e reforça a crítica social presente na obra de Mano Fler. A narrativa também aborda a vulnerabilidade das mulheres migrantes, mostrando como Maria enfrenta exploração, drogas e violência, mas encontra redenção ao compartilhar sua história e fé, tornando-se exemplo de superação para outras mulheres. O refrão “Eu tenho dinheiro, soberba tormento / O trem causa o massacre” reforça a crítica à desigualdade e à falsa promessa de ascensão social. Ao final, Mano Fler dedica a música a todas as mulheres que enfrentam perdas e dificuldades, ampliando o significado da história de Maria para um retrato coletivo das lutas femininas nas periferias urbanas.