Cabra Enxerido

Humor e crítica social no cotidiano de “Cabra Enxerido”

Em “Cabra Enxerido”, Manoelito Sena transforma uma situação de ciúme e afronta em um relato bem-humorado, típico do cotidiano nordestino, sem perder o tom de indignação. A expressão “cabra enxerido” se refere a alguém atrevido, que ultrapassa limites sociais — neste caso, assobiando para a esposa do narrador, um gesto considerado desrespeitoso e provocador na cultura popular da região.

A letra utiliza a repetição de perguntas e respostas, como em “Ô me diga, ô me diga, quem foi que viu / Esse cabra inxirido que fez fiu fiu”, para criar um clima descontraído e quase teatral. O desejo de “pegar esse cabra atrevido” e a ameaça de “arrancar-lhe os beiços com a peixeira” são exemplos de hipérboles do humor regional, expressando a raiva de forma exagerada, mas sem intenção real de violência. Expressões como “cabra da moléstia” e a menção à peixeira remetem ao imaginário do sertão, onde a honra e o respeito à mulher casada são temas recorrentes. Assim, a música equilibra crítica social, defesa do respeito e comicidade, transformando um episódio cotidiano em uma narrativa divertida e cheia de personalidade.