Kings Of Metal

“Kings Of Metal”: pertencimento, lema e resistência no metal

“Kings Of Metal”, do Manowar, soa menos como bravata e mais como rito de pertencimento: define quem é “true metal” e o que fica de fora. A hipérbole de palco em versos como “Speakers explode” (os alto-falantes explodem) e “Gonna kick your ass” (vamos detonar vocês) funciona como cola de grupo. A letra retrata a vida na estrada — “Living on the road” (vivendo na estrada) — e reforça que só os fiéis aguentam o volume: “We don't attract wimps 'cause we're too loud” (não atraímos frouxos porque tocamos alto demais). Há um código visual e ético: “The true metal people wanna rock not pose / Wearin' jeans and leather, not Cracker Jack clothes” (a galera do true metal quer rock, não pose / vestindo jeans e couro, não roupa de embalagem). O lema “Other bands play – Manowar kill” (outras bandas tocam – o Manowar detona) é gíria para “arrasar”, e converte o embate com críticos — “They wanna keep us down” (eles querem nos manter por baixo) — em orgulho e resistência: “There ain't no way that we'll ever turn down” (não há chance de a gente abaixar o volume).

O contexto do álbum sustenta a coroa do título. O disco virou marco por somar essa declaração a feitos concretos: a grandiosidade épica de “The Crown and the Ring”, com coro masculino em catedral, e a exibição técnica de Joey DeMaio em “The Sting of the Bumblebee” explicam na prática o “We're the kings of metal comin' to town” (somos os reis do metal chegando à cidade). A frase-slogan “Other bands play – Manowar kill” cristaliza a estética do excesso como autenticidade. E o relançamento “Kings of Metal MMXIV”, no 25º aniversário, ecoa “Gonna keep on burning / We always will” (vamos continuar queimando / sempre continuaremos): arranjos atualizados e a ferocidade de palco levada ao estúdio para reafirmar, décadas depois, o mesmo pacto com seu “true metal people”.