Dinheiro (part. Bk' e Filipe Ret)

Contradições e dilemas do dinheiro em “Dinheiro (part. Bk' e Filipe Ret)”

Em “Dinheiro (part. Bk' e Filipe Ret)”, Mãolee, BK' e Filipe Ret exploram a relação complexa com o dinheiro, especialmente no contexto das periferias do Rio de Janeiro. O refrão repetido, “Dinheiro mata, dinheiro morre / Dinheiro eu gasto, dinheiro corre”, resume a ambiguidade do tema: o dinheiro pode ser tanto uma força que impulsiona quanto uma armadilha que destrói. O uso do sample de “C.R.E.A.M.” do Wu-Tang Clan reforça essa dualidade, conectando a luta por dinheiro à realidade de bairros como Catete e Glória, onde os artistas cresceram. BK' destaca a dificuldade de sobrevivência e as escolhas limitadas pela falta de oportunidades, como em “os menó sem o mercado / Isso que é Guerra Mundial”, mostrando que o dinheiro pode ser tanto salvação quanto condenação.

A música também critica o materialismo e a busca por status, evidenciada em versos como “Roupas de marca Templam mais que eu meu sinto supremo” e “Um carro importado e mulheres e soldados / É que a gente não quer só comida”. Os artistas reconhecem o desejo por mais do que o básico, mas também apontam o vazio dessa busca incessante. Filipe Ret traz uma visão de superação, valorizando família e fé como contraponto ao culto ao dinheiro: “Minha família é minha maior vitória, atrás eu nem olho”. A metáfora do lobo, “Pique lobo, não acredito em gênio / O sufoco valoriza o desempenho”, reforça a ideia de resiliência e sobrevivência. Assim, a faixa se destaca por abordar de forma direta as contradições do dinheiro, sem perder a conexão com as origens e valores dos artistas.