Sessão

Retrato social e crítica em "Sessão" de Marcelo D2

Em "Sessão", Marcelo D2 transforma o ato cotidiano de se reunir com amigos para fumar maconha em um retrato social marcado por descontração e crítica. A letra reflete o clima de tensão vivido por quem consome a erva no Brasil, especialmente nos anos 90, quando a repressão policial era intensa e a legalização parecia distante. Trechos como “tá sujeira, ainda num tá legalizada” e “os home tão lá embaixo / se me pegarem, cumpadi, já sabe, é um esculaxo” evidenciam o medo constante de ser abordado pela polícia, mesmo sendo alguém que trabalha e só busca relaxar após o expediente: “Tenho direito ao relax, trabalhei o dia inteiro, mas eu sou sangue-bom, com Deus sempre do meu lado, mas mesmo assim de olho aberto, sempre tomando cuidado”.

O contexto da carreira de D2 reforça o significado da música. Vindo do Planet Hemp, grupo conhecido por defender a legalização da maconha, ele traz para sua estreia solo a mesma postura, agora misturando hip hop com samba, como mostra a referência à Jovelina e o clima de roda de amigos. A "sessão" é tanto o momento de fumar quanto um espaço de escape do estresse diário, onde amigos se reúnem para ouvir música, conversar e esquecer as dificuldades. O verso “noite passada um camarada rodou na avenida, 32 anos e nem pode escolher o que quer da vida” destaca a crítica social: a criminalização da maconha atinge principalmente jovens trabalhadores, tratados como marginais por algo que, para eles, é apenas lazer. Ao final, D2 encara a sessão como um momento de liberdade e afirmação de identidade, sem culpa ou peso.