1967

Memórias e identidade carioca em “1967” de Marcelo D2

Em “1967”, Marcelo D2 faz um retrato direto e nostálgico de sua formação, misturando lembranças pessoais com referências culturais que marcaram sua trajetória. Ele transforma episódios comuns da infância e juventude nas periferias do Rio – como "calote no ônibus pra ir à praia no verão" ou "roubava no supermercado" – em símbolos de sobrevivência e esperteza. D2 não glamouriza nem se culpa por essas experiências, apenas mostra a realidade de quem cresceu nesse contexto. A menção ao Cassino Bangu, onde ia "curtir um funk, ver a mulherada rebolar", conecta sua vivência à efervescência dos bailes funk dos anos 80, enquanto as citações a Kool and the Gang, Gap Band e James Brown revelam a forte influência da música negra americana em sua formação musical.

A canção também homenageia as raízes do samba e do hip hop, dois pilares que D2 une em sua carreira solo. Ao citar nomes como Mestre André, Grandmaster Flash e Afrika Bambaataa, ele evidencia a ponte entre o samba carioca e o rap internacional, reforçando sua identidade híbrida. O orgulho de ser carioca e rubro-negro aparece em versos como "me orgulho de ser carioca, me orgulho de ser brasileiro" e "meu avô Peixoto deixou meu sangue rubro-negro", mostrando como futebol, família e bairro moldam sua visão de mundo. O refrão "Eu quero ver se tu é homem, mané / Do jeito que eu fui e que eu sou" funciona como um desafio e uma afirmação de autenticidade, enquanto o final "Eu vou levando a vida / É, juro que vou / Só no sapato, sempre sendo o que sou" resume o espírito resiliente e irreverente que marca toda a música.