Tambor de Aço

Espiritualidade e resistência urbana em "Tambor de Aço"

Em "Tambor de Aço", Marcelo D2 faz uma homenagem direta à ancestralidade e à espiritualidade afro-brasileira, especialmente por meio da invocação de Ogum e do canto tradicional "Ké Kìkì Alákòró". O "tambor de aço" é usado como metáfora para resistência e superação, refletindo o papel de Ogum, orixá do ferro, da guerra e do progresso nas religiões de matriz africana. A música vai além de exaltar a força individual, mostrando como a conexão com as raízes e a fé são fundamentais para enfrentar desafios.

No verso “Tenho a força e o poder de quem nasceu com o ouro e o machado de ferro na mão”, D2 associa sua trajetória à herança de Ogum, destacando que sua vitória como "suburbano vencedor" é resultado de proteção espiritual e de uma identidade construída na luta. Referências como "sete espada", "guia azul" e "Ogunhê, contenção" reforçam símbolos de proteção e fé, mostrando que o caminho do artista é guiado por forças ancestrais. Ao mencionar "Zona norte, fundamento" e "cria da rua, produto do morro", D2 ancora sua narrativa na realidade social do Rio de Janeiro, conectando espiritualidade à vivência urbana e à resistência diária. O trecho em inglês, que explica o papel de Ogum na tradição Ifá, amplia o alcance da mensagem, mostrando que a energia de superação e abertura de caminhos é universal, transformando a música em um hino de afirmação cultural e espiritual.