El Facon Brasilero

O Facão Brasileiro

El Facon Brasilero

Eu tenho um facão brasileiroTengo un facón brasilero
Que assusta só de aparecerQue asusta con su presencia
Me custou muito pra terMe ha costado su tenencia
Muitas marcas na peleMuchas bocas en el cuero
Pertenceu a um briguentoPerteneció a un pendenciero
Com quem briguei um diaCon quien pelié cierto día
Um cara que tinhaUn bayano que tenía
Medo, e com razãoAsustao, y con razón
Do povo de YaguarónAl pueblo de Yaguarón
E em cheque a políciaY en jaque a la policía

Eu não sou gaúcho covardeYo no soy gaucho cobarde
Nem sou muito frouxo tambémNi soy muy flojo tampoco
Mas me levanto com poucoPero me alzo con muy poco
Quando andam fazendo alardeCuando andan haciendo alarde
Como eu disse, foi uma tardeComo digo, fue una tarde
Daquelas tardes infelizesDe esas tardes desgraciadas
Álcool, mulheres, olharesAlcohol, mujeres, miradas
E como epílogo finalY como epílogo final
Um facão frente a um punhalUn facón frente a un puñal
E um mundo de facadasY un mundo de puñaladas

De setenta facadasDe setenta puñaladas
Que dizem que trocamosQue dicen que nos tiramos
No meu corpo só achamosEn mi cuerpo solo hallamos
Dez marcas ensanguentadasDiez bocas ensangrentadas
As minhas muito mal feitasLas mías muy mal rumbiadas
(Estive mal daquela vez)(Estuve mal esa vez)
Mas disseram depoisPero dijeron después
Os mesmos que me curaramLos mismos que me curaron
Que o cara só tinhaQue al bayano le encontraron
Nada mais que vinte e trêsNada más que veintitrés

Que homem bravo o caraQué hombre bravo el bayano
E nobre até na agoniaY noble hasta en su agonía
Morrendo me pediaMuriéndose me pedía
Que lhe apertasse a mãoQue le estrechara la mano
Eu morro castelhanoYo me muero castellano
Pra mim não há salvaçãoPara mí no hay salvación
Mas me dá teu perdãoPero dame tu perdón
Perdão, irmão, e esquecePerdón, hermano y olvida
Eu, em troca, te dou minha vidaYo, en cambio, te doy mi vida
E com minha vida, o facãoY con mi vida el facón

Queria te contar, amigoQuisiera contarte amigo
O porquê ansiava essa sorteEl porqué ansiaba esta suerte
Agora que sinto a morteAhora que siento la muerte
Me puxando pra mimA los tirones conmigo
Esse facão, como eu disseEste facón como digo
Foi meu companheiro fielFue mi compañero fiel
E embora dizer isso seja cruelY aunque decirlo es muy cruel
As cruzes que nele verásLas cruces que en él verás
Conta elas e assim saberásCuéntalas y así sabrás
As mortes que fiz com eleLas muertes que hice con él

Bem, já das facadasBien ya de las puñaladas
Que aquele cara me deuQue aquel bayano me dio
Um dia me ocorreuUn día se me ocurrió
Contar as cruzes citadasContar las cruces citadas
Lá estavam desenhadasAllí estaban dibujadas
Com selvagem simetriaCon salvaje simetría
Vinte e três cruzes haviaVeintitrés cruces había
Vinte e três homens mateiVeintitrés hombres mató
Mas o Diabo falhouPero el Diablo le falló
Ao querer gravar a minhaAl querer grabar la mía

Por cada vida ceifadaPor cada vida tronchada
Por esse braço malditoPor ese brazo maldito
Qual um castigo inauditoCuál un castigo inaudito
Eu lhe dei uma facadaYo le di una puñalada
Essa é a história malvadaEsta es la historia malvada
Do meu tremendo facãoDe mi tremendo facón
Eu não sei por que questãoYo no sé por qué cuestión
Por que coincidência loucaPor qué coincidencia loca
Preencheu minha pele de marcasLlenó mi cuero de bocas
Sem tocar meu coraçãoSin tocarme el corazón