Viramundo
Marcelo Oliveira
A tarde escondia a cara
Sobre o meio de um agosto
A noite estendendo o braço
Me alcançava seu poncho
Os últimos paus de astilla
Retovavam junto ao fogo
Soltando branca fumaça
Quando ali alcei o vôo
Assim me fui viramundo
Tentando campear a estrêla
Que bem aqui junto a mim
Já me bastava em vê-la
Mas "cuê-pucha" é a vida
Pra manguear o pão parceiro
Quando se é gaúcho pobre
Em qualquer lado é matreiro
E recostando as espaldas
Que apoiei sobre o lombillo
Sigo aqui tal quanto fui
Sem um cavalo de tiro
Quebrei queixos de cavalo
Que dava gosto de vê-los
Mas não tive por tropilha
Tanto mais que um só pelo
Viramundo, viramundo
Pois de fato assim sou eu
Mas tive sempre o pão nosso
Pra que mais pedir a Deus.
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