Navegante
Marcelo Sirotheau
Trago honrarias e medalhas
Matei dragões
Venci batalhas
Cacei embarcações à sorte
Sem medo me sorri da morte
Em labaredas me aqueco
Não tenho lar
Não tenho apreço
Faço da dor minha euforia
O amor, de mim, quis alforria
Mas em ti sou peregrino
Um infante e franzino aprendiz
Do verbo amar
E em teus braços sou menino
Capitão do desatino
E clandestino a navegar
Minhas mãos não são de afago
Trago em meu peito um oco, um vago
Sem ter futuro nem lembrança
Navego as águas da vingança
Na orfandade da poesia
Não vejo o Sol
Só vivo o dia
Tanta frieza em mim atua
Vislumbro a noite, não a lua
Mas em ti sou peregrino
Um infante e franzino aprendiz
Do verbo amar
E em teus braços sou menino
Capitão do desatino
E clandestino a navegar
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